‘Protocolo para lockdown está pronto, mas não será aplicado neste momento’, diz Doria

Avaliação para endurecer a quarentena, com adoção de medidas de lockdown ou tranca-rua, é feita diariamente pelo comitê de saúde do estado de SP, mas esquema não deve ser adotado neste momento, segundo governador.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), reconhece que a possibilidade de endurecer a quarentena com medidas de lockdown é avaliada diariamente pelo comitê de saúde do estado, mas afirma que a estratégia não será aplicada neste momento.

“Nos protocolos do comitê de saúde existe o lockdown, local e regional, mas neste momento ele não será aplicado. Nós estamos avaliando isso dia a dia, com cuidado, com atenção, com zelo, com as informações provenientes da equipe coordenada pelo Dimas Covas e também com as informações compartilhadas pelo secretário de saúde do estado”, disse João Doria em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (15).

“O protocolo existe, ele está pronto, mas neste momento ele não será aplicado. Se houver necessidade, aplicaremos e informaremos”, completou o governador.


“Lockdown” é uma expressão em inglês que, na tradução literal, significa confinamento ou fechamento total. Ela vem sendo usada frequentemente desde o agravamento da pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2).

Embora não tenha uma definição única, o “lockdown” é, na prática, a medida mais radical imposta por governos para que haja distanciamento social – uma espécie de bloqueio total em que as pessoas devem, de modo geral, ficar em casa.

Apesar de não cogitar lockdown neste momento, o governo estadual defende a adoção de novas medidas de restrição de circulação, especialmente na Grande São Paulo.

O secretário de Transportes Metropolitanos do governo do estado de São Paulo, Alexandre Baldy, defendeu que as prefeituras da região metropolitana, em especial a capital paulista, trabalhem em conjunto com comerciantes para que somente trabalhadores essenciais usem transporte público nos horários de pico – entre 5h30 e 8h, e das 17h30 às 19h30.

O comentário de Baldy foi feito em live transmitida nesta sexta-feira (15) durante encontro com empresários que integram o Grupo Lide.

“É o que eu tenho defendido, que fiquem para estes horários, [o uso de transporte público] apenas de profissionais de segurança pública, saúde e transporte, e para outros horários, quem trabalha em supermercados, construção civil e demais atividades que estão permitidas pelo decreto estadual, para que as demais atividades fossem escalonadas fora do horário de pico”, disse o secretário.

O objetivo, segundo o secretário, é evitar a aglomeração de pessoas nos transportes de massa – trens, metrô e ônibus – após a Prefeitura da capital determinar o rodízio ampliado na cidade para evitar a propagação do coronavírus.

4,5 mil mortes em SP

O número de mortes por coronavírus no estado de São Paulo subiu para 4.501 nesta sexta-feira (15), de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde. Nas últimas 24 horas, foram 186 novos óbitos, o que representa um aumento de 6% em relação a quinta-feira (14).

No total, são 58.247 casos confirmados da doença no estado. Foram 3.961 novos diagnósticos nas últimas 24 horas, o que representa um aumento de 7% em relação ao dia anterior. No Brasil, foram registrados 202.918 casos e 13.993 óbitos.

De acordo com o secretário de saúde José Henrique Germann, praticamente 10 mil pessoas estão internadas no estado de São Paulo devido ao coronavírus, sendo 3.904 em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e 6.205 em leitos de enfermaria. A taxa de ocupação de leitos de UTI no estado é de 68,8%, enquanto que na Grande São Paulo o percentual é de 84,4%.

“Nós mantemos 10 mil pacientes internados, quinze dias atrás esse número era mais ou menos paritário entre UTI e enfermaria e agora a parte de enfermaria já é superior aos internados em UTI. As taxas de ocupação em UTI no estado de São Paulo estão em 68% e na Grande São Paulo 84,4%. Estão internados tanto os pacientes confirmados quanto os pacientes suspeitos de coronavírus, de Covid-19”, disse Germann.

Testes para casos leves

O governo de São Paulo anunciou nesta sexta-feira (15) que terá uma mudança de protocolo em relação à maneira como os testes para detecção do novo coronavírus são realizados no estado. Segundo o coordenador do Centro de Contingência em SP, Dimas Covas, os testes RT-PCR serão ampliados também para casos leves da doença a partir da próxima segunda-feira (25).

Esse tipo de teste é considerado o mais eficaz para detectar a infecção, já que rastreia o material genético do vírus Sars-CoV-2. Ele é diferente dos chamados “testes rápidos”. A orientação anterior era de que o RT-PCR fosse realizado apenas em casos graves (de internação), mortes ou em profissionais de saúde.

“Essa segunda fase compreende a ampliação dos testes RT-PCR, num primeiro momento para os contatos dos pacientes graves, e num segundo momento a ampliação para os pacientes sintomáticos leves. Na segunda-feira (18), os municípios receberão uma norma técnica já iniciando a testagem dos pacientes leves. Esses pacientes não estavam sendo atendidos até então, porque existe a recomendação que eles fiquem em casa, então agora tem uma sistemática de que esses pacientes serão atendidos”, disse Dimas Covas em coletiva de imprensa.

Devido à explosão de casos no país durante a pandemia e a escassez de recursos para a realização de testes em massa, o Ministério da Saúde recomendou para os estados que as testagens do tipo RT-PCR fossem realizadas em casos graves e mortes.

No entanto, isso faz com que os casos leves acabem de fora das estatísticas oficiais de casos confirmados. A subnotificação desses casos dificulta a medição do tamanho exato da pandemia para a criação de estratégias de enfrentamento.

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